LEITURA DO PELOURO - FESTA DO DIVINO DE ALCÂNTARA DO MARANHÃO
Helio Teixeira Leite
A Festa do Divino em Alcântara do Maranhão inicia-se com a Leitura do Pelouro, mas o que é Pelouro?
Segundo Wikipédia, Pelouro é a denominação dada a cada um dos ramos da administração municipal de Portugal. É regulado na Lei n.º 169/99, entretanto em Wordreference encontramos a seguinte definição de PELOURO:
A wiki também cai, por vezes, nalgumas imprecisões escusadas. O 'pelouro' não é exactamente 'cada um dos ramos da administração municipal de Portugal', mas sim as funções ou tarefas que são atribuídas a cada um dos vereadores que compõem a Câmara Municipal ou, nos casos das Freguesias, a cada um dos vogais da respectiva Junta. Também não são regulados pela Lei 169/99. Essa Lei regula, sim, o quadro de competências e regime jurídico de funcionamento dos órgãos dos municípios e das freguesias e não especificamente os 'pelouros', palavra que de resto, não se encontra nessa Lei uma única vez. 'Pelouro' não é, por isso, um termo legal, como sugere a Wikipedia, mas a designação tradicional dada, desde há muito tempo, às funções de cada vereador ou vogal.O termo usa-se, por extensão, fora do âmbito específico da administração local, tendo o significado que deu o XiaoRoel: é a área de actuação duma entidade, geralmente dum membro dum órgão colectivo: o Ministro dos Negócios Estrangeiros tem no governo o pelouro das relações exteriores do país, o tesoureiro duma associação terá, habitualmente o pelouro das finanças, etc.No caso concreto eu iria, por isso, pela definição do Xiao.
Disponível em < http://forum.wordreference.com/showthread.php?t=1759512>, acesso em 20.08.2011:
Em http://www.jf-benfica.pt/cultura.html, acesso em 20.08.2011, encontramos a palavra PELOURO associado a ideia de cultura:
MÚSICA PORTUGUESA A GOSTAR DELA PRÓPRIA AFINA VELHINHAS EM BENFICA
A reintegração da freguesia de Benfica na rota cultural da cidade de Lisboa é um dos principais objectivos do Pelouro da Cultura da Junta de Freguesia de Benfica.
Na proposta nº º 67/2011, da Câmara Municipal de Lisboa a palavra vem com a ideias de proponentes, neste caso, de vereadores, disponível em <http://www.cm-lisboa.pt/archive/doc/P_67_0.pdf>, acesso em 20.08.2011:
PROPOSTA N.º 67/2011
REVERSÃO PARCIAL E AMPLIAÇÃO DO DIREITO DE SUPERFÍCIE CONSTITUÍDO A
FAVOR DO COMITÉ OLÍMPICO PORTUGUÊS
(Travessa da Memória, 34-36)
Pelouro: Vereador Manuel Salgado e Vereadora Maria João Azevedo Mendes
Serviço: Departamento de Patrimônio Imobiliário / Divisão de Aquisição e Alienação
No dicionário on line Infopédia, temos a seguinte definição, disponível em <http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/pelouro> acesso em 20.05.2011.
pelouro
nome masculino
| 1. | cada um dos ramos de serviço em que se divide a administração de uma câmara municipal ou junta de freguesia |
| 2. | figurado funções; atribuições |
| 3. | antiquado bala com que se carregavam as antigas armas de fogo |
(De péla+-ouro)
Nos dicionários da língua espanhol a palavra significa: cargo, competência
Em Alcântara, Pelouro é a leitura dos nomes dos futuros festeiros da Festa do Divino. Depois da Procissão da Pentecoste, após a benção do pároco, o Mestre Sala do Império – função hoje ocupada pelo Senhor Moacir, é feito a chamada das pessoas que irão realizar a festa do próximo ano.
Os primeiros a serem chamados são os Mordomos Baixos, depois o Mordomo Régio e por final, o Imperador. Em 2011, o reinado foi masculino, ou seja, de Imperador, Mordomo Régio e Mordomos Baixo que são de ambos os gêneros. Em 2012, reinar a Imperatriz, sua Mordoma Régia e seus Mordomos Baixos. Esta característica de alternância de poder em função do gênero acontece, apenas, em Alcântara. Em outras cidades maranhenses, normalmente, encontramos o Imperador, a Imperatriz, Mordomo-Mor, Mordomo-Régio e os outros mordomos, num mesmo reinado, numa mesma festa em homenagem ao Divino.
Num Pelouro são chamados de 10 a 12 futuros festeiros. Alguns nomes já são conhecidos, antecipadamente, principalmente, aqueles pagadores de promessa que solicitam aos organizadores da festa que seus nomes sejam incluídos no Pelouro. Outros nomes são mantidos em segredo até a leitura – o que gera, sempre, uma grande expectativa na sociedade local. Após a leitura do Pelouro a conserva que domina é entorno dos nomes lidos, das famílias que farão a festa, se tem tradição ou se é a primeira festa, quem será o Mordomo do Trono, em que casa acontecerá cada festa, se é festa que está sendo tirada do poço, ou se aquele futuro festeiro já está com sua festa predestinada a cair no poço.
Uma festa cai no poço quando o festeiro citado num Pelouro por algum motivo não realiza a mesma. Hoje menos, mas – antigamente – deixar cair uma festa no poço era motivo de vergonha para uma família, era condenação para outras pessoas dessa família que ficaram anos sem serem chamados pelo Divino para fazerem festa.
Na segunda-feira, depois do domingo de Pentecoste, o batalhão do Império, a partir das 8h, sai para dar posse aos futuros festeiros. Uma salva com foguete marca a saída do batalhão do Paço Imperial que irá dar posse, primeiramente, ao Imperador, ou Imperatriz – depois – é dada a posse ao Mordomo Régio ou Mordoma Régio e depois recebem posse os outros mordomos baixos.
A posse consiste no toque de caixa na casa do futuro festeiro que dever receber a posse com um pequeno altar com a imagem do Divino e uma vela ardente. Depois do bailar das caixeiras e bandeirinha, o futuro festeiro oferece ao Mestre Sala do Império uma prenda que pode ser um litro de licor, litro de vinho, de refrigerante; pode, também, oferecer ao batalhão e convidados: doces, café, cerveja, refrigerante. A chegada e saída do batalhão são marcadas por uma salva de foguetes.
A Família Leite, ramo da Família Lopes, é considerada um família tradicional em Alcântara como festeiros do Divino Espírito Santo. Suas festas têm a marca da sofisticação, da inovação sem prejuízo dos valores tradicionais
Em 1994, quando Helio Teixeira Leite foi incluído como festeiro de 1995 a posse do mesmo foi feito com uma ambientação do espaço, foi montada uma grande mesa com centro de mesa, lembranças, doces de espécies, bolos de vários tipos, cerveja, refrigerante, muitas pessoas foram convidadas para o evento– inovando o recebimento da posse. Em 1996, posse com Mordomo Régio e em 1999, como Imperador, o diferencial foi mantido. Em 2003, Helio Gustavo Amorim Leite recebe sua posse como Mordomo Baixo e em 2010 recebe posse o patriarca da família – Ubiratan Ribeiro Leite – que aos 74 anos fará sua primeira festa. Na posse do patriarca foi oferecido um fardo café da manhã ao batalhão do imperador com frutas, chocolate, refrigerante. A mesa ornamentada foi mantida, a exemplo da posse dos outros elementos da Família Leite. Um Divino Espírito Santo foi vestido, especialmente, para este momento solene, na cor azul (cor oficial do Mordomo em 2012).
A partir da posse os festeiros começam os preparativos para realizarem suas respectivas festas. Definir o local do Paço, o Mestre Sala, o mordomo do trono, o altar que será utilizado, quem irá bater o chocolate no ovo são preocupações imediatas e devem ser logo solucionadas sob pena de comprometerem a realização da futura festa. È comum festa caírem no poço por falta de local para realizar os festejos, já que cada festeiro faz sua festa em sua casa (própria ou cedida por terceiro).
